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Publicada em 23/01/2018 às 09h37. Atualizada em 23/01/2018 às 10h16
Chá de camomila auxilia no tratamento contra o câncer
Nas últimas décadas, houve um crescimento exponencial no uso de ervas medicinais para o tratamento de diversas afecções, dentre elas, a mucosite oral. Saiba mais!
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O câncer atinge mais de 14 milhões de pessoas no mundo anualmente, e a grande maioria dos pacientes irá receber o tratamento através de quimioterapia e/ou radioterapia. Essas modalidades terapêuticas podem levar à complicações na cavidade oral do paciente, como mucosite, xerostomia (sensação de boca seca), e infecções fúngicas ou virais. Isso ocorre devido à toxicidade do agente antineoplásico utilizado na quimioterapia e na ação direta da radiação ionizante, quando realizada em região de cabeça e pescoço. Dessa maneira, os antineoplásicos atacam células com alta capacidade de proliferação, que é o caso das células tumorais, mas também de outras células, como as da cavidade oral, tornando-as mais susceptíveis aos efeitos colaterais do tratamento.
"A mucosite oral resulta da ação direta ou indireta do tratamento oncológico, e caracteriza-se pela inflamação e ulceração da mucosa oral."
A mucosite oral resulta da ação direta ou indireta do tratamento oncológico, e caracteriza-se pela inflamação e ulceração da mucosa oral. Esta torna-se edemaciada, eritematosa e friável, resultando em dor, desconforto, disfagia e debilidade sistêmica. Evidências de desidratação, má-nutrição e deficiência da higiene oral têm sido comumente associadas ao quadro clínico de mucosite oral. Usualmente, as lesões afetam as áreas de assoalho da boca, ventre lingual, bordo lateral da língua, mucosa jugal e palato mole. Os tipos mais severos dessa condição levam à dor intensa, que interfere na alimentação dos pacientes, o que pode acarretar a necessidade de nutrição parenteral/enteral (através de sonda) e redução da dosagem e/ou mudança no plano de tratamento. Em casos mais graves, a terapia pode ser interrompida, o que afeta diretamente a sobrevivência do paciente. Além disso, as úlceras na mucosa servem de porta de entrada para micro-organismos, podendo acarretar quadros de bacteremia, septicemia e aumento de infecções sistêmicas. O tratamento da mucosite é paliativo, apenas aliviando os sintomas e controlando possíveis infecções.
Também existe uma significativa associação do tratamento quimioterápico à redução na contagem de neutrófilos. A diminuição dessas células, dificulta os mecanismos de defesa contra bactérias e fungos, deixando o paciente mais susceptível a infecções bacterianas, virais e fúngicas.

Nas últimas décadas, houve um crescimento exponencial no uso de ervas medicinais para o tratamento de diversas afecções, dentre elas, a mucosite oral. A Matricaria recutita, de nome popular camomila, representa uma planta amplamente conhecida, de baixo custo e fácil acesso, que apresenta propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e antifúngicas. O seu sucesso terapêutico tem sido comprovado na literatura, em especial, para o uso tópico no tratamento de úlceras orais. Devido à sua propriedade anti-inflamatória, a planta tem despertado o interesse de cirurgiões-dentistas que trabalham com pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço e que apresentam mucosite oral decorrente dos efeitos colaterais da rádio e/ou quimioterapia.
Estudos recentes descrevem o uso do chá de camomila adotado como cuidado paliativo na abordagem da mucosite oral rádio e/ou quimioinduzida, devido ao seu efeito anti-inflamatório, pois é capaz de inibir a produção de cicloxigenase- -2 (COX-2), uma enzima responsável por fenômenos inflamatórios. Recomenda-se ao paciente o uso do chá de camomila sob a forma de bochechos, 4 vezes ao dia, durante 1 minuto. Não é necessário engolir o chá. Preferencialmente, deve ser bochechado na temperatura fria ou gelada (crioterapia), pois, dessa forma pode contribuir para a vasoconstricção e diminuir os efeitos das drogas citotóxicas na cavidade oral. O chá pode ser preparado com a folha da camomila, ou através dos sachês vendidos em supermercados. O paciente deverá seguir as orientações do cirurgião-dentista e manter os bochechos durante todo o tratamento oncológico.
A instituição de tratamentos paliativos a exemplo do uso do chá de camomila associado à crioterapia, representa uma abordagem preventiva, simples e de baixo custo, que tem gerado uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes oncológicos.